quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O dia em que nos calamos

Foi corrida essa última quinta-feira. Trabalhei, resolvi algumas coisas da reforma com o meu pai e ainda fiz compras para a casa. Cheguei em casa tarde e já correndo para arrumar os meninos, pois tínhamos dois aniversários naquela noite noite... E no meio desse turbilhão recebi um telefonema que me deixou completamente sem chão. Era a Victória avisando que a filha de uma amiga da Igreja havia falecido em virtude de um acidente doméstico. Meu Deus!!! Na hora sumiram as palavras e eu fiquei completamente sem reação. Meu coração disparou. Meu Deus!!! Sai andando pela casa para que os meninos não me vissem daquele jeito. Mal conseguia pensar... Meu Deus!!! Porquê tão depressa??? Porque desse jeito??? Porque ela??? 

Nunca vi uma menina tão especial como aquela... Menina cheia da presença de Deus!!! Tinha uma intimidade com o Espírito Santo pouco vista em gente grande como nós. Desde que cheguei na Igreja presenciei vários testemunhos tremendos vindos dela. Lembro de quando a mãe dela recebeu o diagnóstico de que não poderia mais ter filhos e Deus a usou para falar e orar pela mãe e depois de pouco tempo nasceu seu irmão... Em dezembro do ano passado ela subiu no púlpito para contar o livramento que Jesus havia dado a ela... Tremendo!!! Não tínhamos contato diário e até tenho certeza de que as pessoas mais próximas contariam muitas outras histórias tão maravilhosas quanto estas porque a menina era mesmo muito especial. Ainda me recordo no último domingo quando ela me parou na escada da Igreja para perguntar pelo Enzo (que havia ficado em casa porque estava doente). Aquela foi a última vez que eu a vi... 

E aquela perda nos calou. E eu percebia nas outras amigas que também me ligaram a mesma dor, o mesmo silêncio. Era o fim de uma vida, de uma história e de um sonho... Creio que todos sonhávamos com tudo o que Deus faria através daquela boneca. Não tínhamos palavras, não conhecíamos as explicações e nem os motivos, apenas o silêncio. Depois de passar algumas horas fora do ar, me arrumei para ir para a casa da minha sogra, onde acontecia o aniversário do meu cunhado. Cheguei lá ainda atônita, tentei até pensar em outras coisas, conversar sobre outros assuntos, mas o meu coração estava esmagado dentro do meu peito. Passei a festa inteira atrás dos meninos, tensa, querendo saber onde estavam, aonde iam... Meu Deus!!!

Voltei para casa ainda triste. Não queria falar com ninguém... Nem com DEUS!!! Não conseguia parar de pensar em tudo o que havia acontecido, mas também não conseguia falar. Adiei a minha conversa com o PAI e fui dormir... Acordei indisposta e inquieta e então em meio aquele meu vazio decidi romper o silêncio e falar com DEUS. Me acheguei sem saber muito o que dizer e as palavras demoraram a fluir. Fui devagar... "Senhor, não consigo te compreender!!! Por que isso aconteceu, PAI?". Não sabia ao certo o que falar e muito menos o que perguntar para Deus... Aos poucos uma paz sobrenatural começou a tomar conta de mim e ali recebi consolo... "Filha, eu SEI de TODAS AS COISAS e NADA ACONTECE sem a minha vontade!!! É como fala no livro de 1Samuel 2:7 "Ele é o que tira a vida e a dá; ELE é o que faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela". E ELE continua o MESMO, seja nas vitórias, seja nas nossas derrotas ELE é o mesmo DEUS... Sempre fiél, compreensivo, amoroso e misericordioso. Compreendi então que aquela, por mais estranha que pudesse parecer, era a vontade DELE... E os SEUS pensamentos e vontade são muito mais profundos do que os nossos... (Isaías 55:8-9). 

Aos poucos a minha oração voltou a fluir e o meu coração novamente se aqueceu. Percebi então como é fácil, diante de uma adversidade, calarmos a nossa voz. Quando algo que nos desagrada acontece é comum buscarmos o silêncio, a distância e a solidão ao invés de nos lançarmos no colo do PAI, onde encontramos consolo e alívio para nossas dores. Durante a minha caminhada vi inúmeras pessoas se achegaram a DEUS, decididas a caminhar com ELE, mas que diante de um momento de adversidade, de uma frustração ou fatalidade se afastaram DELE, como se fosse o culpado por todos os males de sua vida... No momento em que mais precisavam do abraço do PAI preferiram a solidão...

Isso me lembra a história de Jó. Jó era um homem sincero, reto e temente a DEUS, que se desviava do mal (Jó 1:8). Ele era próspero, tinha muitos bens, uma família linda, mas perdeu tudo... Todos os seus filhos morreram em um acidente trágico na casa do irmão, todos os seus bens foram saqueados e para completar até a saúde Jó perdeu também. Por ser um homem temente a DEUS poderia muito bem se revoltar e desviar os seus caminhos do SENHOR... MAS NÃO!!! Diante da dor, Jó adorou: "Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá. o SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR. (Jó 1:21). A palavra diz que em tudo isso ele não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma. 

... Tenho visto naquela mãe a mesma fé e a mesma adoração de Jó... É ela que por vezes nos consola com suas mensagens... Ela não se afastou do PAI e confia que a vontade DELE se cumpriu na vida da sua filha e isso tem edificado a minha fé e acalmado o meu coração. Não é fácil!!! Mas creio que DEUS derramará um consolo sobrenatural sobre a vida daquela família... E que seremos testemunhas do SEU AMOR e fidelidade. Sei que nem sempre conseguimos compreender e aceitar os caminhos do SENHOR, mas sabemos que "Em Suas obras há glória e majestade, e a Sua justiça permanece para sempre." (Salmos 111:3). Que a fé e a confiança no NOSSO DEUS esteja sempre presente em nossos coração e que diante das nossas dores possamos SEMPRE buscar o Seu abraço... Diante da dor de um filho, a coisa que o PAI mais deseja é acalentá-lo em SEUS braços... 

Termino o post de hoje com mais uma frase proferida por Jó. Gostaria de deixar um pedido de oração por essa família, não deixem de interceder por eles. Boa semana para todos!!!. “Quanto ao Todo-Poderoso, não o podemos compreender; grande é em poder e justiça e pleno de retidão; a ninguém, pois, oprimirá.” (jó 37:23) 


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